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sábado, 27 de setembro de 2014
São mil janelas encaixadas em um conjunto festivo de torreões,
formando um imenso castelo medieval de lajes, enfeitado com as cores elencadas
nos varais de roupas, que em seu carnaval desfilam como oferendas ao sol da
tarde. O verão não tem prazo, o sol enfeita os corpos durante o ano inteiro num
esbanjamento de cor. Isso também determina o espírito, muda o humor. A pele
carioca concentra doses de riqueza solar. Nos sobrados do Botafogo e Catete perduram
antigas gafieiras, hoje convertidas em escolas. É a singular emanação de
uma euforia que reúne o efeito de muitas agitações, uma algaravia que nunca
passa, seja de manhã, de tarde ou de noite. Jovens com os pés grávidos de
ideias passam ali o dia inteiro, e vão até a madrugada, em um laboratório de criação
que faz às universidades inveja. Há tantas vozes e tumultos como cores.
Lembram antigos puxadores de escola de samba alugando as cordas vocais ao
serviço de feirantes. E a escadaria dos casarões e sobrados é trafegada por uma
heterogeneidade de carne e espírito humano, uma fauna que seduz os olhos,
porque uma coisa que nunca deixa de entreter o homem é o próprio homem, em
todas as suas expressões.
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