É
um patrimônio um pouco vão de nosso orgulho – e também um pouco infantil e
iludido, confesso – ter durante essa travessia universitária cultivado entre os
amigos alguns entre os quais é fácil ver um segundo brilho, mais interior e
mascarado, mais intenso e confinado, um brilho que anuncia ambições menos ordinárias
e projetos despojados de vulgaridade. Adivinha-se em seu ventre o feto de
muitos futuros. Conto Diogo Araújo entre um desses motivos de um pueril peito estufado.
Não me confundam com um amigo antigo: não tenho esse interesse distorcendo o
elogio. Quando o conheci, tinha apenas uma ideia vaga do valor de sua energia,
do tom que predomina em seus segmentos de voz, de verbo, logos. Hoje só posso
invocar sua presença mediante a imagem de um solitário beduíno colhendo
inspirações evanescentes através das enxadadas de seus passos no deserto. Desenterrando
histórias dos grãos de datas ancestrais. E seu avanço entre o assédio de
monstros de areia me assombra com a estatura de uma tarefa. Não sou um amigo autorizado
pelas camadas do tempo, mas desculpo minha vaidade de querer ser, entre ele e
eles, um alvo da mesma regra, abarcado pela mesma universalidade restrita,
seleta, terráquea, embora apontada para a lua de sua plataforma espacial. É uma
ideia que incendeia as turbinas. Um pedaço ainda precoce de projetos abstratos tomando
a forma de cultura. As poesias de Araújo mostram, mais do que poderia eu
propagandear, o talento da visão, da dilatação e manipulação das bolhas
intuitivas, a suavidade na composição das imagens, a capacidade de ser um
hospedeiro das formas. Quem puder conferir, não se faça de intimidado: http://aspipas.blogspot.com.br/search/label/Cantos%20do%20Matita%20Per%C3%AA.
Minha admiração é um investimento. Não preciso de pretexto para bajular quem o
merece, mas também não faço nada de graça: um futuro próximo guarda um sucesso
que me enaltece como um dos primeiros anunciadores.
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