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terça-feira, 5 de abril de 2011


As discussões sobre os problemas escolares que estão hoje em moda levam em conta diversas perspectivas, porém poucas a encaram pelo seguinte horizonte: a problematização do próprio conceito de escola entendida como centro de massificação do conhecimento. Fala-se muito de fracasso escolar, por exemplo, mas nunca se contesta a idéia de sucesso superficial que lhe serve de contraste: o sucesso em assimilar conteúdo sem forma? Adquirir fórmulas sem a capacidade de aplicá-las através de um juízo? O sucesso prosaico do aluno vaidoso, geralmente de caráter análogo ao do professor, que “não se esforçam pela sabedoria, mas pelo crédito que ganham dando a impressão de possuí-la” (Schopenhauer). Sei: sabedoria, conhecimento, pensamento, juízo, são ideais muito ambiciosos, margeiam perigosamente ilusões da metafísica. Eu mesmo me pergunto se existem. Contudo, vale mais supor que existem e ambicioná-los do que cinicamente fingir-se em sua posse, sem estar. Nas escolas o troféu é destinado aos que melhor conseguem repetir tecnicamente a perspectiva do professor. Neste tipo de contexto, nunca se encara a perspectiva do aluno supostamente fracassado como se fosse ele o realmente desejável, o único que ainda valesse mais que um papagaio no cenário estudantil moderno. O único a quem o próprio temperamento blindou às recompensas ignóbeis que convidam à ignorância, e a quem mesmo a perspectiva de uma vida fracassada foi incapaz de dissuadi-lo da resistência heróica a participar desta indústria de técnicos. Como contraponto a esta abordagem predominante na pedagogia, diligente em assimilar os excluídos, entusiastas de um paralelo com as instituições democráticas, para quem o bem coincide com inclusão, e para quem os excluídos não passam de coitados a quem se deve piedade, como contraponto ofereço algumas leituras (as que eu conheço): a coleção de pauladas que Bacon aplicou à escolástica e à academia platônica, assim como a outras escolas antigas, que "apesar das demais disparidades, eram professorais e favoreciam as disputas, e suas doutrinas eram (como bem disse, não sem argúcia, Dionísio de Platão) palavras de velhos ociosos a jovens ignorantes" (Bacon, 1979). As mordidas de Montaigne à idéia de instituição escolar e os seus professores, tomando como ponto de partida os próprios sofistas. Schopenhauer no famoso “Sobre eruditos e a erudição” e Nietzsche em “Schopenhauer educador”.

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