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quinta-feira, 7 de abril de 2011


Complementar à última reflexão, uma nova será acrescentada sobre os problemas óbvios envolvidos na distribuição da autoridade - em uma relação de discípulo e mestre – em questões de cultura e saber. Penso que, na instituição do dimensionamento da autoridade dentro da sala de aula, subentende-se que o que dá valor à opinião do aluno é o fato do professor aprová-las, não a sua fecundidade ou riqueza interpretativa. E como o professor frequentemente tem uma perspectiva fechada, um modo intuitivo particular de estabelecer a relevância das questões discutidas, a aula passa longe de uma exposição de temas, e se aproxima muito mais de uma divulgação de charadas pessoais, uma apresentação de conceitos distorcidos pela sua própria visão e uma exigência de que os alunos pensem através deles. Os "sem luz" (origem ltina da palavra 'aluno') são irrevogavelmente abandonados aos labirintos pessoais de um outro, muitas vezes mais desnecessariamente intrincados do que a questão propriamente dita, seja ela newtoniana ou darwiniana. Por isso alguns sádicos se divertem em emaranhar seus pupilos em problemas insolúveis, que traduzem sua maneira particular de abordá-lo, e que a todos os outros soam como ardilosas armadilhas; pegadinhas do Faustão. Como se não fosse o bastante, os próprios vestibulares adotam o mesmo procedimento, o oficializando. Não é uma surpresa escandalosa diagnosticá-lo como um desacato à própria instituição da inteligência, que só deveria justificar-se como andadeira provisória a uma faculdade de julgar ainda tateante, constituinte de uma fase imatura da inteligência presente nos alunos, uma fase de lusco-fusco, onde a necessidade de lanternas fosse preemente antes que o dependente possa enfim emergir em sua própria aurora. Talvez fosse desculpável também em uma época onde esta relação não fosse forçada, e o diálogo entre os dois elos desta corrente florescesse mutuamente, como era, ou parecia ser, entre os gregos. Porém não é isso que se passa nas instituições de ensino médio atuais: e na verdade apenas é pintado como uma desvantagem aos alunos que estes abdiquem um dia das muletas, recompensando quem sabe usar as mesmas do professor, e criando uma atmosfera de desencorajamento incoercível sobre o que tenta pensar sem a peça de maquinaria postiça dos artifícios.

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